quinta-feira, 31 de março de 2011

algo que vi hj de tarde...

Estava no trânsito
Quando à vi de vidros fechados
Será que era o ar no calor do dia?
Ou será que era fria, e gelava assim o ar?
E passei então a segui-la,  com o olhar
Parecia preocupada
Nenhum sorriso permitia
Nada sensível transmitia
Não parecia haver calor
Dor ?
Transtorno?
Agonia?
O que será que ela sentia?
Ali parada parecia
Uma estátua congelada
 E eu voltei sem saber nada
Se aquela falta de sorriso
Era uma angustia disfarçada
ou se escapava do verão!

segunda-feira, 28 de março de 2011

acaso

Não escrevo mais para ti
Escrevo para o acaso
Aquele que é dono de tudo o que tempo leva
Aquele que prepara banquetes e aquece no frio
Sem eu ter feito nada em troca
Enquanto o céu quer trovejar

O acaso é parnasiano
Ele é a conquista, o feito
Milimetricamente fabricado
Encaixado e bagunçado
Na mais completa perfeição

Queria eu dizer que faço
o meu destino, e minha razão
Queria eu poder dizer
Que o futuro está em minhas mãos

Mas minhas mãos estão vazias
E é o acaso que me leva
Seja calor em tardes frias
Seja paixão que me completa

E quando me bate o vazio
Ou se minha alma está repleta
Eu fecho os olhos, com o peito a mil
E sinto que é Deus que nos cerca!


domingo, 20 de março de 2011

+ com -

10/08/04
Amo a morte como a vida

É tão bela quanto

Só que é mais comprida.

Não que a deseje

Mas torço para que ela chegue

Um dia, distante ainda

Amo a tristeza como a alegria

É tão bela quanto

E eu a sinto todo o dia

Não que eu a queira

Mas eu a aceito

Assim tem mais graça a alegria

Amo a hostilidade como a simpatia

É tão bela quanto

E nela sinto mais garantia

Não que a receba bem

Mas assim torna-se amiga a simpatia

Por fim amo todos os opostos

Amo a fome como a comida

o elefante e a formiga

a mulher e a menina

amo a tudo que me anima

e que difere de sinal

seja rock ou carnaval

seja por bem, seja por mal

seja a cegueira ou o bem se ver

Amo tudo que é oposto

como eu e você.

quarta-feira, 16 de março de 2011

taquicardia

Bate quieto peito amigo
Bate pra eu poder dormir
Bate calmo, que isso passa
Bate leve, pra eu não sentir
Se bater forte, peito amigo
Sinto que eu vou explodir
Então bate calmo peito amigo,
Pra que eu consiga resistir...

Que a vida é doce
Não se afobe
Não tema um amargo aqui e ali
Bate de leve peito amigo
Pra que eu consiga existir

sexta-feira, 4 de março de 2011

oração



Não posso me retratar de toda alma
Se eu me derreto em matéria fria
Se no escuro e no frio o transtorno me acalma
Se em  teu leito tua carne me silencia
Se não sou sincero por achar o absurdo
Se eu não sou louco por fugir da realidade
Se não sou ego pra esquecer o meu futuro
Se eu não sou moço pra esquecer a minha vontade
Então não posso me retratar de toda alma
Por que essa alma de todo já não se entrega
Por há um buraco, onde havia o meu retrato
Porque há um vazio no espelho, e não me enxergo
Porque sem sono eu  me entrego sempre ao copo
Porque sem medo a morte vem como um sossego
Porque sem dono  eu delicio  o meu o meu sufoco
Porque há muito já não encontro algum apego